sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Costa do Estado será monitorada

Análise começou pelo Litoral Norte de Pernambuco, mais precisamente em Itamaracá

ANDERSON BANDEIRA

ESPECIALISTAS terão diagnóstico geral sobre o processo de erosão e progradação
Cuidar do litoral Norte de Pernambuco, antes que ele tenha um efeito devastador e catastrófico com as comunidades litorâneas de Itamaracá, será a meta da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) durante todo o ano de 2011. Ocupando no ano de 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o primeiro lugar no ranking dos estados com maior densidade demográfica litorânea, com 906 habitantes por quilômetro quadrado, o que equivale a 56% da população urbana, a costa do Estado começou a receber, desde ontem, uma atenção maior. Equipes de técnicos do CPRH passaram toda a manhã analisando o mar da Ilha.

O monitoramento, que está dentro do Projeto Monitoramento Ambiental Participativo (Mapa), teve como ponto de partida a Ilha, mas será feito em todas as praias da região, num prazo de um ano. Através dele, os especialistas terão um diagnóstico geral sobre o processo de erosão ou progradação (efeito inverso ao da erosão). Haverá um estudo sobre a linha de preamar máxima (limite aonde chega à água durante a maré alta) para, com isso, traçar um controle e planejamento ambiental sobre as edificações que são ou serão construídas ao longo da costa.

“O objetivo deste trabalho é mostrar o retrato de como está a orla marítima dos municípios costeiros de Pernambuco. Um dos indicadores que iremos monitorar é a linha de preamar. Por ele, saberemos se as águas das praias estão avançando ou não. Estamos monitorando, também, o indicativo de ocupação humana (edificações). Para estes trabalhos contaremos, ainda, com recursos de imagens aéreas”, explicou o analista ambiental e coordenador do projeto, Felipe Maciel.

Para a população, o trabalho de monitoramento, apesar de ser bem intencionado, vem dividindo opiniões em relação ao resultado final. “É um trabalho bastante válido, mas, particularmente, eu não acredito muito nessa história de mar avançar. Para mim é a população que está avançando e desrespeitando o meio ambiente”, comentou o comerciante Emerson Frederico, 39, que foi à praia, na manhã de ontem, acompanhado do filho Kauan Medeiros, 4, e visualizou, de longe, os trabalhos dos ambientalistas. “Acho bastante importante se fazer o monitoramento, pois com o avanço do mar as pessoas não vêm à praia. O avanço causa riscos”, explicou Paula Rabelo, 18, estudante que tem familiares residindo no local.

Após a conclusão dos trabalhos na região, o monitoramento seguirá para as demais regiões litorâneas do Estado. “Este projeto piloto, que será encubado na Ilha de Itamaracá, servirá de padrão para outros pontos do litoral de Pernambuco. Nós pretendemos levar este modelo para outras áreas”, afirmou o presidente do CPRH, Hélio Gurgel. Ainda de acordo com Hélio, o resultado do projeto será importante para definir metas de ocupação e para evitar problemas ambientais. “O projeto visa basicamente fornecer, através da pesquisa e monitoramento, elementos que possibilitem o planejamento da gestão ambiental. A partir desses dados os gestores ambientais terão capacidades de estabelecer normas de ocupação e uso do solo. Hoje, os profissionais voltam a se reunir na região onde continuarão os trabalhos. Além da praia de Itamaracá, outras oito praias (São Paulo, Forno da Cal, Bairro Novo, Fortim, Pilar, Jaguaribe, Sossego e Enseada dos Corais) terão os perfis morfológicos monitorados até o final do ano.

fonte: Folha de Pernambuco

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