quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

CENTRO PARADO POR CINCO HORAS


Júlia Veras e Robson André



MOVIMENTO teve início por volta das 13h de ontem. Somente às 18h, o trânsito foi liberado pelos manifestantes
O lema “Se a passagem não baixar, o Recife vai parar”, voltou a ser ouvida na Centro do Recife. Na tarde de ontem, aproximadamente 500 estudantes fizeram um protesto contra o aumento das tarifas de ônibus, que começou a vigorar ainda no domingo. O movimento, que teve concentração na rua do Hospício, por volta das 13h, fechou o trânsito na Conde da Boa Vista, Dantas Barreto e no Cais de Santa Rita. Outros pontos de retenção de veículos também foram registrados no Cais José Estelita, ponte Paulo Guerra, avenidas Herculano Bandeira e Antônio de Góes, além da rua Imperial, avenida Sul, Forte de Cinco Pontas e Recife Antigo. Ao chegar em frente do Grande Recife Consórcio de Transporte, próximo ao Cais de Santa Rita, bairro de São José, os estudantes fecharam as vias nos dois sentidos, liberando para trânsito apenas às 18h.

Uma mulher, que não quis se identificar, desesperou-se por ter ficado presa no trânsito em frente à sede do Grande Recife Consórcio. “Minha filha de três anos está no hotelzinho desde às três horas da tarde e estou sem poder me deslocar. Isso é um absurdo”, gritou. Os ânimos entre estudantes e policiais militares se exaltaram em determinados momentos, por conta da resistência dos manifestantes em liberar as vias. Entretanto, a negociação foi abrandada uma faixa da pista - sentido Recife Antigo - ser liberada. Pouco tempo depois, as duas pistas, foram sendo liberadas para o tráfego de veículos, porém, o congestionamento foi inevitável.

Durante a interdição do Cais José Estelita, um homem passou mal e teve a passagem liberada, assim como uma mulher grávida. Ao longo da caminhada, cerca de 120 policiais militares do 16º Batalhão acompanharam o protesto, de acordo com o subcomandante do Batalhão, Gildo Tomé.

“Para além de discutir o preço da passagem, queremos também discutir qualidade do transporte público. Quando, em 2005, o Grande Recife estabeleceu uma aumento substancial da passagem alegando que haveria uma melhora na estrutura do transporte co­mo um todo - e é esse o mesmo argumento todas as vezes em que é preciso aumentar valores. Acredito que a construção dos terminais de integração tenha sido uma melhoria, mas a verdade é que ainda falta muito a ser feito. Os ônibus demoram e estão sempre lotados. Agora, além disso, a passagem chegou a um patamar que a população não pode pagar. Assim como a saúde e a educação, o transporte público é um direito básico do cidadão, e não pode estar sujeito às leis de mercado”, argumentou Virgínia Barros, da União dos Estudantes de Pernambuco.

Mobilização

Estéphanny Souza, União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco, explicou que a mobilização foi organizada por meio de perfis de redes sociais. “Temos que lutar por uma causa maior, não podemos aceitar essa situação. Queremos o passe livre para os estudantes e vamos mobilizar a sociedade para conseguirmos esse direito”. Durante a passeata, os estudantes receberam o apoio de transeuntes e moradores do Centro, que chegaram a jogar papéis picados quando o movimento passou pela Conde da Boa Vista. O vendedor Thiago Nanfre concorda com o protesto. “Temos que lutar para tentar mudar. É de interesse de todo o mundo, não é uma luta só dos estudantes”.

Nem só de estudantes foi feito o protesto. O comerciário João Batista dos Passos, 42 anos, ouviu sobre a manifestação no rádio e resolveu comparecer. “É preciso reivindicar os nossos direitos. Eu pego quatro ônibus por dia, dois do anel A e dois do B. Imagine o quanto vou gastar agora? É um absurdo”. A atendente Valéria Silva, 49 anos, estava andando com o sobrinho de quatro anos no Centro, quando viu o manifesto e resolveu se juntar a ele. Ela chegou a fazer um pequeno discurso no carro de som. “ Todos os dias, eu pego quatro ônibus para ir para Olinda, onde trabalho, e voltar para Camaragibe, onde moro. Como pode um aumento que massacre o trabalhador ser aprovado? É uma injustiça, temos que lutar contra isso”.

fonte:Folha de Pernambuco

Nenhum comentário: