Júlia Veras e Robson André
Uma mulher, que não quis se identificar, desesperou-se por ter ficado presa no trânsito em frente à sede do Grande Recife Consórcio. “Minha filha de três anos está no hotelzinho desde às três horas da tarde e estou sem poder me deslocar. Isso é um absurdo”, gritou. Os ânimos entre estudantes e policiais militares se exaltaram em determinados momentos, por conta da resistência dos manifestantes em liberar as vias. Entretanto, a negociação foi abrandada uma faixa da pista - sentido Recife Antigo - ser liberada. Pouco tempo depois, as duas pistas, foram sendo liberadas para o tráfego de veículos, porém, o congestionamento foi inevitável. Durante a interdição do Cais José Estelita, um homem passou mal e teve a passagem liberada, assim como uma mulher grávida. Ao longo da caminhada, cerca de 120 policiais militares do 16º Batalhão acompanharam o protesto, de acordo com o subcomandante do Batalhão, Gildo Tomé. “Para além de discutir o preço da passagem, queremos também discutir qualidade do transporte público. Quando, em 2005, o Grande Recife estabeleceu uma aumento substancial da passagem alegando que haveria uma melhora na estrutura do transporte como um todo - e é esse o mesmo argumento todas as vezes em que é preciso aumentar valores. Acredito que a construção dos terminais de integração tenha sido uma melhoria, mas a verdade é que ainda falta muito a ser feito. Os ônibus demoram e estão sempre lotados. Agora, além disso, a passagem chegou a um patamar que a população não pode pagar. Assim como a saúde e a educação, o transporte público é um direito básico do cidadão, e não pode estar sujeito às leis de mercado”, argumentou Virgínia Barros, da União dos Estudantes de Pernambuco. Mobilização Estéphanny Souza, União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco, explicou que a mobilização foi organizada por meio de perfis de redes sociais. “Temos que lutar por uma causa maior, não podemos aceitar essa situação. Queremos o passe livre para os estudantes e vamos mobilizar a sociedade para conseguirmos esse direito”. Durante a passeata, os estudantes receberam o apoio de transeuntes e moradores do Centro, que chegaram a jogar papéis picados quando o movimento passou pela Conde da Boa Vista. O vendedor Thiago Nanfre concorda com o protesto. “Temos que lutar para tentar mudar. É de interesse de todo o mundo, não é uma luta só dos estudantes”. Nem só de estudantes foi feito o protesto. O comerciário João Batista dos Passos, 42 anos, ouviu sobre a manifestação no rádio e resolveu comparecer. “É preciso reivindicar os nossos direitos. Eu pego quatro ônibus por dia, dois do anel A e dois do B. Imagine o quanto vou gastar agora? É um absurdo”. A atendente Valéria Silva, 49 anos, estava andando com o sobrinho de quatro anos no Centro, quando viu o manifesto e resolveu se juntar a ele. Ela chegou a fazer um pequeno discurso no carro de som. “ Todos os dias, eu pego quatro ônibus para ir para Olinda, onde trabalho, e voltar para Camaragibe, onde moro. Como pode um aumento que massacre o trabalhador ser aprovado? É uma injustiça, temos que lutar contra isso”. fonte:Folha de Pernambuco |
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