quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Moraes deve liderar a oposição

Tucano é a alternativa, após presidente da Alepe barrar Daniel Coelho

RENATA BEZERRA DE MELO

Ainda sem líder definido, a oposição esbarrou, ontem, na decisão do presidente da Casa de Joaquim Nabuco, deputado Guilherme Uchoa (PDT), indeferindo o nome do verde Daniel Coelho (PV) para liderança da bancada. “A procuradoria da Casa emitiu parecer desfavorável (ao verde como líder da oposição) e eu acompanhei o parecer”, declarou o pedetista. A negativa do mandatário surgiu como atalho que faltava para sanar o impasse em que se transformou a escolha do líder oposicionista. Não restou muita opção às duas alas da oposição - PSDB/PMN junto com o Daniel, e DEM/PMDB - a não ser acatar a alternativa de consenso, que é o nome de Antônio Moraes (PSDB). Esta é a solução que tende a ser formalizada, hoje, segundo oposicionistas professaram em reserva. Por esta fórmula, a equação deve ser resolvida garantindo Tony Gel (DEM) - defendido por DEM/PMDB - como líder no segundo biênio. Ontem, tucanos, democratas e o peemedebista Gustavo Negromonte dedicaram-se a conversas das quais saiu a previsão de “evolução” nas negociações. “Acho que vamos evoluir para um acordo a ser celebrado nesta quinta-feira. Com base na questão regimental, o pessoal tem se convencido que não é possível se ter um líder da oposição vindo de um partido de Governo”, relatou Tony Gel, referindo-se ao PV. Ancorado no parágrafo segundo do artigo 57 do Regimento Interno, o democrata destacava, ontem, que a regra é clara. O texto diz que “o líder da oposição só pode ser indicado por maioria absoluta dos líderes da bancada de oposição”. Naturalmente, o nome de Daniel Coelho, único deputado verde na Assembleia, foi publicado no Diário Oficial de ontem, como líder da legenda. A iniciativa da Executiva do PV de enviar ofício à Alepe, esta semana, ratificando o papel governista da sigla foi rememorada por Uchoa. Diante disso, o voto de Daniel está valendo na cota do Governo e não da oposição. Por tabela, o presidente confirmou ainda que o líder do Governo, Waldemar Borges (PSB), ao protocolar, como é praxe, a lista dos deputados governistas a serem distribuídos em comissões, automaticamente indicará Coelho para algum colegiado, como manda o Regimento Interno. Pelo código, cada deputado deve ocupar, ao menos, uma cadeira em comissão. De antemão, Daniel disse que não tem como aceitar uma indicação do Governo. “Infelizmente, faço parte da bancada de oposição. Não faz sentido compor comissão como indicação do Governo. Isso só comprova que há estratégia do Governo. Se houver insistência, essa discussão, inevitavelmente, vai sair da Assembleia para a Justiça”, projetou o verde. Indagado, disse que não descarta apoiar “nada que tenha o apoio da maioria”, leia-se Moraes para líder.

PROTOCOLO
Devido ao imbróglio, o protocolo tradicional na Assembleia foi quebrado, ontem, e nenhum líder de bancada discursou na abertura oficial dos trabalhos. Apenas o governador Eduardo Campos (PSB) foi à tribuna e leu a mensagem ao Legislativo em atitude inédita, visto que nenhum governador, segundo Uchoa, se dirigiu à Casa em toda sua história para fazê-lo.

fonte: Folha de Pernambuco


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