BRASÍLIA (Folhapress) - O relator do Orçamento no Congresso, senador Gim Argello (PTB-DF), disse, ontem, que há margem para elevar a R$ 570 o salário mínimo. A afirmação foi feita em reunião fechada do Conselho Político da Presidência, que reúne líderes no Congresso. “Tem margem para aumentar um pouquinho o salário mínimo? Tem. Agora, é o correto fazer isso? Se aumentar para R$ 560, R$ 570, no repique do ano que vem vai bater perto de R$ 700”, disse Argello.
E prosseguiu: “É o certo isso? Acho que é o certo. Mas o problema todo é que chegou um abaixo-assinado de mais de 600 prefeituras dizendo que não dá para pagar”. Em favor do aumento intermediário do mínimo, o deputado Sandro Mabel (PR-GO) disse, na reunião: “Quanto mais rico o cara, mais exigente ele fica”. Argello afirmou que recebeu um pedido do ministro da Previdência, Carlos Gabas, para que o reajuste não passe dos R$ 540. Para Lula e a presidente eleita Dilma Rousseff, o mínimo deve ser de R$ 550, em 2011.
O áudio da reunião vazou para jornalistas na sala de imprensa do Planalto, sem que os integrantes do Governo soubessem, e ficou disponível por 50 minutos. Só foi cortado quando Lula entrou. Na mesma reunião, o líder do PDT, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, revelou que policiais militares de todo o País estão articulando uma greve geral no início do governo Dilma, como forma de pressioná-la a garantir piso salarial de R$ 3,2 mil.
Para evitar uma crise no primeiro mês de gestão da petista, o Governo avalia aprovar neste ano a instituição do piso, mas sem definir valor. Essa decisão ficaria para uma lei complementar a ser discutida no Congresso. A insistência de Paulinho pela aprovação do piso aos policiais e bombeiros incomodou Paulo Bernardo, contrário à ideia. O ministro calcula que o impacto anual do piso seria de R$ 43,5 bilhões.
A aprovação da medida, em seu texto original -que estabelece como mínimo o valor de R$ 3,2 mil - segundo Paulo Bernardo, criaria “uma confusão danada”. A PEC 300 é motivo de preocupação para Dilma. Na semana passada, ela fez um apelo ao seu vice e presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), para que não deixe a emenda passar. Os deputados Sandro Mabel e Jovair Arantes (PTB-GO) também cobraram a liberação de verbas das emendas individuais.
NEGATIVA
Gim Argello negou que trabalhe com o valor para o salário mínimo de R$ 570,00 para o próximo ano. Segundo ele, houve apenas um questionamento ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, se esse valor era factível em 2011. “Não é que eu admiti o valor. Eu dei como exemplo e perguntei ao ministro”, disse Argello, ao chegar para a cerimônia de posse da nova diretoria da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Segundo o relator, hoje, o ministro Paulo Bernardo tem uma reunião, em São Paulo, com as centrais sindicais para negociar o porcentual do reajuste, e uma ideia que surgiu nas últimas horas é que seja divulgado um valor para 2011 e já o valor para 2012.
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