terça-feira, 16 de novembro de 2010

Boa ação duvidosa

Empresas investiram em campanhas de deputados membros de comissões ligadas a ramos que as interessam

Alvos de intenso lobby, deputados federais que integram as comissões temáticas permanentes da Câmara foram patrocinados na campanha por setores com interesse direto em suas decisões. Coincidência ou não, a prestação de contas das eleições de 2010 revela que empresários investiram na campanha de parlamentares que têm nas mãos poder maior de influenciar suas áreas de atividade. Para cientistas políticos, a opção pode encobrir uma expectativa de ´troca de favores` e levanta a discussão sobre o financiamento público de campanhas.

Paulo Piau ganhou R$ 292 mil de uma indústria de carne Foto:Paulo H. Carvalho/CB/D.A Press - 3/6/08
As comissões têm o papel de discutir e votar as propostas de leis que são apresentadas à Câmara. E, por vezes, decidem sem a necessidade de as propostas passarem pelo plenário. Um dos exemplos mais emblemáticos de investimento de empresários em campanha por área de interesse passa pela cobiçada Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento.

Em julho, o grupo atraiu holofotes de todo o país ao aprovar a reforma do Código Florestal. O projeto perdoa, por exemplo, multas de quem desmatou até julho de 2008. Enquanto ambientalistas protestaram contra a decisão, ruralistas comemoraram. Empresários da agroindústria investiram quase R$ 1,3 milhão nas campanhas do presidente da comissão, Jorge Khoury (DEM-BA); do segundo vice-presidente, Marcos Montes (DEM-MG); e do terceiro vice-presidente, Paulo Piau (PMDB-MG).

O deputado federal Paulo Piau diz que pretende continuar na Comissão, não há pressão por favor em troca do financiamento. O deputado federal reeleito Marcos Montes também nega qualquer tipo de favorecimento.

Já o cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Fábio Wanderley Reis acredita que há relação direta entre investimento de campanha e interesse na atuação legislativa. ´É difícil esperar que o financiador não tenha nenhum interesse em troca da ajuda. A expectativa é de intercâmbio de favor`, comenta.

FONTE: Diario de Pernambuco

Edição de terça-feira, 16 de novembro de 2010

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