segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Guerra cambial ganha foco de debate

Entenda o que isso quer dizer e como o seu cotidiano pode ser afetado

Nos últimos dias, a discussão é grande quanto à valorização do Real. Queda do Dólar, taxa cambial, produtos importados mais baratos, perda da competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional. O assunto promete permanecer na pauta de debate. Mas, o que tudo isso quer dizer? O que está ocorrendo na economia nacional? Quais são as causas disso? De que maneira o cotidiano das pessoas está sendo afetado?

O professor de Economia Internacional da Faculdade Boa Viagem (FBV) Olímpio Galvão explica que “a taxa de câmbio é o preço de uma moeda estrangeira, medido de acordo com a moeda nacional. É o mais importante preço de uma economia, pois determina os preços relativos dos produtos exportados e importados”. O regime de taxa cambial adotado pelo Brasil e pela maioria dos países é o da taxa flutuante, isto é, o valor da moeda varia de acordo com a oferta e a demanda.

“O que faz o preço de uma moeda cair é sua abundância. Se tem muito Dólar no mercado, o valor da moeda cai e as outras ficam mais caras em relação a ela”. A maior economia do mundo, os Estados Unidos, está em recessão por causa da crise financeira de 2008 e, por isso, está jogando moeda no mercado. Do outro lado, a China está comprando para também despejar sua moeda. Assim, as outras moedas ficam mais caras, como o Real.

Mas, por que está entrando tanto Dólar no País? Galvão também comenta que, enquanto a maioria das Bolsas de Valores do mundo tiveram prejuízo no ano passado, a do Brasil lucrou mais de 60%. Além disso, a estabilidade política do País faz com que os papéis emitidos aqui sejam seguros. Por fim, temos uma taxa de juros de 10,75%, enquanto nos Estados Unidos (EUA), por exemplo, é menos de 1%. Ou seja, os títulos brasileiros rendem aos investidores mais do que em outros locais. “Diariamente bilhões de dólares entram no Brasil para negociações na Bolsa, principalmente em papéis de curto prazo e de capital volátil. Outras moedas como a libra, o franco suíço e o euro, entram. Mas é o dólar que causa mais efeito, já que os EUA são a maior potência financeira do mundo”.

A notícia é boa para quem? O economista da Tendências Consultoria Integrada André Sacconato explica. “Como os produtos importados ficam mais em conta, os nacionais têm que baixar o preço para competir e não perder as vendas. Com isso, o consumidor compra produtos mais baratos. Além disso, o custo de viagens para outros países está mais atrativo, então o brasileiro está viajando mais para o exterior e gastando mais”. É o que atesta a economista Larissa Nunes, 29 anos. Ela voltou dos Estados Unidos em setembro, após 40 dias viajando pelo país. “Tirei férias e fui visitar amigas que moram lá”. Ela gastou R$ 7 mil com passagens aéreas dentro dos EUA, alimentação e, claro, compras. “Com a queda do dólar, meu poder de compra lá aumentou. Comprei, principalmente, cosméticos e roupas”.

Do lado das empresas, é bom para quem importa, que compra insumos mais baratos. Já as exportadoras são prejudicadas. “Os produtos brasileiros estão perdendo competitividade no mercado internacional, porque estão mais caros com o Real valorizado. As indústrias de bens de consumo não duráveis são as mais afetadas. Elas competem, principalmente, com a China, que tem uma grande produtividade e também está apostando na desvalorização da moeda”.

FONTE: Folha de Pernambuco
Gabriela Lopéz

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